No mês passado foi lançado na França o livro “Omerta dans la Police” ( O poder do silêncio dentro da polícia). A autora, Sihem Souid, policial francesa de origem tunisiana, trabalhou na polícia de imigração do aeroporto de Orly, em Paris, durante muitos anos e resolveu publicar tudo o que sabe sobre abuso de poder, racismo, homofobia e discriminação cometidos pela instituição em face dos imigrantes e dos próprios funcionários. Ela se declara terminantemente contra a política de deportação adotada pelo governo francês, que, segundo seu relato, trabalha com metas de expusão de 30 mil casos de deportação ou expulsão, valendo, para isso, artifícios nitidamente ilegais. Ela conta que em casos de vencimento de visto, em que deveria ser concedido ao imigrante o visto de regularização, a política adotada é a de expulsão sem detenção, prática, segundo ela, contrária à lei. Sihem declarou ainda que a Administração Central da Polícia cobrava dos agentes (mulheres e homens) de origem árabe muçulmana – que é o seu caso – rigor contra estrangeiros, se de fato quisessem fazer jus à nacionalidade francesa e mostrar que são verdadeiramente franceses. Por esse e outros motivos, Sihem ingressou com queixa na Halde, a “Alta Autoridade contra a discriminação e a pela igualdade”. Durante um debate em canal da TV aberta no último dia 19.11, Sihem ficou sabendo por intermédio de uma colunista que também participava dos debates que seu pedido fora negado pelo referido órgão. Agora a autora trava mais uma batalha, em razão da liberação desta informação bem como de cópia dos arquivos que ela apresentou à Halde. Ela alega ter sido uma manobra política, e acusa formalmente a instituição de violação de segredo profissional e ocultação. A Halde é reconhecida como Autoridade Administrativa Independente, “organismo administrativo que age em nome do Estado e tem poder real, sem se submeter à autoridade governamental” (definição extraída do site www.halde.fr).
Clau Gazel
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