Fundada por Antoine de Galbert há mais de 10 anos, a Maison Rouge é voltada às mais amplas manifestações artísticas no que se refere à arte contemporânea. Não possui coleção permanente; funciona apenas com exposições temporárias e há um bom tempo tem como foco a exibição de coleções particulares. Atualmente expõe a coleção particular de Bruno Decharme (até 18.01.2015).
Cineasta e amador de arte, o francês Bruno Decharme coleciona “arte bruta” há mais de 30 anos e hoje tem 3,5 mil obras de mais de 300 artistas de diversas nacionalidades. Sua coleção, única no mundo, pertence à fundação por ele criada em 1999, a ABCD – Art Brut Connaissance et Diffusion.
O termo arte bruta foi criado pelo pintor Jean Dubuffet em 1945 para classificar as obras criadas por pessoas isentas de cultura artística, auto-didatas, que criavam independentemente de uma pretensão cultural ou intelectual, de forma natural e absolutamente espontânea. Muitas vezes essas obras foram criadas por pacientes de asilos, hospícios, prisões ou até mesmo por pessoas do campo, que viviam em locais totalmente isolados do mundo. São pessoas para as quais a criação não tem a arte em si como objetivo. Não há uma vontade explícita nem a consciência de se criar uma obra de arte, nem a ambição de integrar o mundo artístico. A criação advém de uma mensagem divina, de um desejo de proteção espiritual, de uma forma de enfrentar as dificuldades cotidianas.
Segundo definição de Dubuffet, a arte bruta “é uma operação artística pura, bruta, totalmente reinventada em todas suas fases, nascida a partir de impulsos pessoais.” Desde a escolha dos materiais até a forma como são empregados numa tela ou numa instalação qualquer, o processo criativo é natural, repleto de espontaneidade. Desgarrada de critérios acadêmicos ou institucionais, a arte bruta ocupou e ainda ocupa um espaço marginal no universo artístico.
A exposição atual da Maison Rouge de Paris oferece um imersão incrível neste universo peculiar e apaixonante. As obras não estão em ordem cronológica, mas sim divididas por temas escolhidos pelo próprio colecionador, comissário da exposição. Anote: 10, boulevard de la Bastille; quar/dom. 11h/19h (qui. até 21h); até 18/01/2015; ingressos 9 euros; metrô Quai de la Rapée/linha 5 ou Bastille/linhas 1,5 e 8.
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