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  • Writer's pictureClau Gazel

As cores de Sonia Delaunay no Musée d’art Moderne de Paris

Aberta ao público a partir de hoje em Paris, a exposição de Sonia Delaunay colore por 4 meses o Musée d’Art Moderne de Paris.  Sob o comissariado de Anne Monfort e Cécile Godefroy, Les Couleurs de l’Abstration é a primeira retrospectiva consagrada à artista em Paris desde 1967.

Com um percurso bastante interessante e didático, a exposição está dividida em 14 temas, que englobam desde as primeiras obras da juventude da artista, época em que Sonia se interessava por retratos e paisagens, passando pelo período em que ela descobre a vida moderna e bohêmia de Paris, se dedica à criação de tecidos, à publicidade e à composição de figurinos para peças de teatro, até o desenvolvimento de sua criação abstrata, com suas composições coloridas e contrastantes, por ela denominadas Ritmos.

Desde cedo Sara Élievna Stern (Sônia Delaunay), nascida na Ucrânia em 1885, tem contato com a arte. A partir dos 5 anos vivendo em São Petersburgo, na família de seu tio, Sonia visita museus e galerias e já tem o gosto pela pintura. Aos 19 anos segue para a Alemanha para estudar na Academia de Belas Artes de Karlsruhe. Durante esses anos, Sonia percebe, como grande parte dos artistas desta época, que é em Paris que está seu futuro, é em Paris que tudo acontece, onde estão ou estiveram grandes mestres. E é para lá que Sonia segue em busca de seu caminho. Encantada com Van Gogh, Gauguin, Matisse e Manet, a influência desses grandes pintores se mostra evidente em telas como “Deux Fillestes Finlandaises”(1907), “Nu Jaune” (1908) e “Jeune Fille endormie” (1907). Nestes retratos, as cores puras e vibrantes bem como os contrastes fortes já fazem parte das composições e do gosto da jovem artista, que, contudo, ainda está em busca de uma identidade, de um estilo.


Exposition-Sonia-Delaunay-Les-couleurs-de-l-abstraction_A Viagem Certa

Nu Jaune, 1908 – Musée des Beaux-Arts de Nantes (Pracusa 2013057)

Em Paris desde o final de 1906, tudo acontece numa velocidade alucinante. Sonia participa de uma exposição coletiva logo no ano seguinte ao da sua chegada ao lado de Braque, Picasso, Derain e outros. Sua primeira exposição pessoal acontece no ano seguinte, também na mesma galeria da exposição coletiva, a Notre-Dame-des-Champs. Após um casamento relâmpago com o marchand Wilhelm Uhde, em 1910 Sonia se casa com Robert Delaunay. É ao lado dele, seu marido e companheiro de ofício, que Sonia funda O Simultané, uma nova espécie de arte que fará do casal os pioneiros da abstração. E é sob esta nova ótica e esta nova concepção artística que Sonia Delaunay ultrapassa os limites da pintura e passa a trabalhar com moda e publicidade.


Sonia Delaunay_Baile

Durante a Primeira Guerra, o casal visita a Espanha e se instala em Portugal. A cultura, a luz e as cores fortes desses países impregnam o trabalho da artista. É no ritmo da dança dos países ibéricos que os pincéis de Sonia Delaunay vão encontrar o caminho para suas composições dinâmicas e estilizadas. Dançarinos e mercados de rua aparecem em suas telas, nas quais as composições arrendondadas começam a aparecer e dão a nítida sensação de movimentos circulares.

É em Madrid, em 1918, que Sonia abre sua loja de moda e decoração, atividade esta que ela dará continuidade quando do seu retorno definitivo à Paris, com a abertura do Atelier Simultané em 1924, em seu próprio apartamento e, em 1925, da Maison Sonia. Os tecidos dos vestidos das manequins se mesclam à decoração do apartamento, que serve de studio de moda. As fotos da exposição dão a nítida impressão de se estar inserido num mundo à parte, o mundo dos Delaunay.

Sonia se responsabiliza também por figurinos para os ballets de Diaghlev, peças de Tristan Tzara e de campanhas publicitárias para a Metz and Co. Essa série de atividades não fazem com que Sonia abandone a pintura, mas sim amplie de forma extraordinária seu campo de atuação, funcionando como mola propulsora à sua criatividade. Seus tecidos, seus tapetes, suas telas e seus cartazes publicitários, se igualam em termos de criatividade e produção artística, ou seja, Sonia dispensa à eles a mesma dedicação e entusisasmo, explorando ao máximo sua criatividade e seu gosto pelas cores e contrastes. Todas elas se tornam atividades complementares que compõe o rico acervo deixado pela artista e que estão brilhantemente organizados lado a lado nesta exposição.


Sonia Delaunay tecidos 2
Sonia Delaunay_tecidos 1

Inserida novamente no meio artístico parisiense, Sonia volta a expor e em 1937 é convidada para compor algumas telas gigantes para o Palais de l’Air.


Sonia Delaunay_Palais de l'Air2
Sonia Delaunay_Palais de l'Air1

É apenas após a Segunda Guerra Mundial que Sonia retoma a pintura e a aparecer no cenário europeu como pioneira da pintura abstrata, ao lado de seu marido, Roberto Delaunay. Sua obra e sua importância artística pessoal, dissociada da figura de Roberto, acontece apenas em 1958, com sua primeira retrospectiva exibida no museu Stadtisches Kunsthaus de Bielefeld, na Alemanha.


Sonya Delaunay Rythme Couleur_A Viagem Certa

Rythme Couleur (1964) – Musée d’Art Moderne de Paris/Roger Viollet

Ao final de sua carreira, a artista retorna à temas e motivos antes já tratados e faz do guache um dos seus elementos preferidos para a confecção de telas em grande formato. Pouco tempo após publicar sua autobiografia, Sonia morre aos 92 anos de idade, em Paris, em 1979.

Se hoje é possível visitar esta segunda retrospectiva de sua obra no Musée d’Art Moderne de Paris, isto se deve ao cuidado de Sonia que, ao lado de seu filho Charles, desde o início dos anos 60 efetuou uma importante doação a este museu e, mais tarde, à Bibliotheque Nationale de Paris.

Destaques da exposição:

– telas com retratos do início da carreira da artista, com nítida influência de Gauguin e Matisse;

– figurinos utilizados pelo casal Delaunay e desenhados por Sonia;


Sonia Delaunay_figurinos

– as amostras de tecidos e croquis de modelos de roupas;

– as fotos do apartamento, do atelier e da fábrica de tecidos e do atelier de costura.

Anote: Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris; 11, avenue du Président Wilson – 75016; metrô Alma-Marceau ou Iéna (linha 9); ter/dom. 10h/18h e qui. até 22h; ingressos 11 euros; 17.10 a 22.02.2015.

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