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  • Writer's pictureClau Gazel

Férias no Périgord: gastronomia, história e cultura

O Périgord –  o nome ainda usado para designar a região não se trata de uma nomenclatura administrativa, mas sim de uma herança dos gauleses – corresponde ao departamento da Dordogne. Localizado na região da Aquitaine, no centro da França e não muito longe de Bordeaux, é uma zona privilegiada pela natureza e pelo patrimônio cultural que oferece. Suas paisagens de um verde sem igual são cortadas por imensos rios transparentes e pontilhadas por castelos medievais e grutas pré-históricas. Terra do foie-gras, das trufas negras e dos morangos mais famosos da França, tem uma rica gastronomia. O ideal para conhecer a região como ela merece, é alugar um carro e fazer tudo com calma. Assim a cultura, a gastronomia e o incrível patrimônio cultural do Périgord estarão ao seu alcance. E garanto: você vai querer voltar.

L’abbaye de Cadoin: 900 de história

A pequena cidade de Cadouin, localizada entre os rios Dordogne e Couze, guarda um grande tesouro da história da França. Marcada pela presença de monges cistercienses a partir do Século XII, o pequeno vilarejo foi escolhido para edificação de uma importante abadia, que, nascida em 1115, foi extinta com a Revolução Francesa.

Logo no início do Séc. XIII a abadia teria descoberto em suas dependências a presença do Santo Sudário, que tendo sido ali conservado durante séculos, fez do local um ponto importante de peregrinação religiosa, fazendo parte do Caminho de Santiago de Compostela.

A dúvida acerca da procedência do tecido ali protegido a todo custo pairou em diversas ocasiões na história. No entanto, até que se comprovasse o contrário, a posse da suposta relíquia fez de Cadouin uma importante destinação para os devotos, que muitas vezes não mediram esforços para manter a igreja de pé. Foi apenas em 1934 que diante de um laudo de um expert, a veneração do lenço usado por Jesus Cristo antes de ser crucificado chegou ao fim.

No entanto, a visita ao local continua a tirar suspiros dos visitantes. O ponto alto da visita, porém, não se deve à fama do local por conta do Santo Sudário – há no local uma réplica do tecido que ali era guardado e o original encontra-se protegido – mas sim em razão do estonteante cláustro. O cláustro (cloître , em francês), decorado durante os Séculos XIII e XV, mistura estilo gótico e romano. Colunas, arcos, estatuetas que provam que a arquitetura da época vai muito além da simples arte de construir: o ornamento aparece de fato como elemento principal neste oásis de paz.

O claustro é composto de quatro galerias, sendo 3 delas decoradas no final do Séc. XV e uma delas do Séc. XVI, tendo esta sofrido alterações durante o Séc. XVI e restaurada no Séc. XX. Entre as estatuetas presentes, as que mais chamam a atenção localizam-se no teto, bem no encontro das nervuras das abóbadas, elemento típico da arquitetura gótica. Infelizmente, de uma centena delas, restam apenas 26 no local.

Anote: Cloître de Cadouin – Place de l’Abbaye, 24480 – Cadouin; horário variável conforme calendário anual (via de regra: 10h/12h e 14h/17h); ingressos 6,50 euros.


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Le Château de Biron: castelo dos sonhos

No alto da colina, a imponente construção jamais passa despercebida. Resultado de uma diversidade de estilos arquiteturais, à distância, o castelo parece de mentira. Tendo pertencido por mais de 900 anos aos Gontaut-Biron, o castelo atravessou a Guerra dos Cem Anos, a Revolução Francesa e duas Grandes Guerras Mundiais. Hoje restaurado, ele oferece um verdadeiro panorama histórico aos seus visitantes. Lado a lado é possível ver a referida torre feudal (Seç. XII), o donjon (torre medieval do Séc XV, usada como observatório para defesa do castelo) e uma série de elementos renascentistas, como janelas, o pátio interno e suas colunas. A capela anexa ao castelo data do Séc. XVI e ainda conserva o sino original.

Anote: Château de Biron – Bourg, 24540 Biron; horário variável conforme calendário anual (via de regra: 10h/12h e 14h/17h); ingressos 8,10 euros.


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Lascaux II: no berço da pré-história

A Gruta de Lascaux, localizada no vale do rio Vézère, na cidade de Montgnac, foi descoberta em setembro de 1940. Quatro amigos caminhavam dentro da floresta quando o cachorro de um deles saiu em disparada atrás de um coelho, que entrou em um grande buraco. Curiosos, os amigos perceberam que ali havia algo estranho. Dias mais tarde, um deles, Marcel Ravidat,  volta ao local munido de lanterna e ferramentas para explorar o local. Acompanhado de outros três amigos, Marcel penetra na caverna pela primeira vez em 12 de setembro de 1940. Um período de estudos e exames começa afim de identificar as inscrições e desenhos encontrados.

Em 27 de dezembro do mesmo ano a gruta é classificada como monumento histórico francês. Após anos de turismo intensivo, o dióxido de carbono emitido pela respiração dos visitantes agride a pintura, ora corroendo as paredes, ora causando a proliferação de algas. Diante dessas constatações, Lascaux foi definitivamente fechada ao público em 1963, de modo a evitar a desaparição das gravuras que datam de 17.000 anos (Paleolítico). A gruta faz parte do Patrimônio Mundial da Unesco.

No entanto, para permitir o contato do público com tamanha riqueza histórica e cultural, em 1983, após mais de 10 anos de trabalho minucioso, foi aberto ao público Lascaux II, uma cópia fiel da gruta descoberta em 1940. A viagem no tempo continua sendo garantida através de visitas feitas com guia.

Anote: Lascaux II – Lascaux, 24290 Montignac; abril ao início de setembro – 9h30/18h – visitas a cada 15 minutos, com duração de 30 minutos; ingressos 10 euros.


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Le Château de Bourdeilles – três castelos à beira do Dronne

Ao contrário do que ocorre com o Château Biron, aqui os estilos não se misturam numa mesma construção, que sofrera alterações ao longo dos séculos. Bourdeilles é na realidade um complexo de três castelos construídos em épocas distintas: um castelo chamado de “velho”, do qual apenas traços da destruição podem ser encontrados; o castelo medieval, com sua torre de defesa que permite uma vista incrível da região; e o castelo renascentista, com suas janelas imensas que dão vista para o magnífico jardim.

Anote: Château de Bourdeilles – Pl. de la Halle, 24310 Bourdeilles; aberto de fevereiro à dezembro (via de regra: 10h/12h e 14h/17h); ingressos 8,10 euros.


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Les Jardins d’Eyrignac – entre os 10 mais bonitos da França

Pertencente à mesma família desde o Séc. XVI, o Jardim de Eyrignac figura hoje entre os 10 mais bonitos da França e é sem dúvida um dos lugares imperdíveis para se visitar na região. A imensa propriedade de 200 hectares, dos quais 10 deles são ocupados pelos jardins, acolhe mais de 50.000 plantas e 300 esculturas em árvores. E a diversidade não se refere apenas às inúmeras espécies vegetais ali presentes, mas também pelos ambientes criados nos jardins. Ao total, são 7 diferentes:

– Les Sculptures végétales: esculturas vegetais minuciosamente talhadas pelos 6 jardineiros que trabalham no local, sob supervisão do casal que reside ali;

– La Pagode Chinoise: jardim à moda chinesa do Séc. XVIII, que convida o visitante ao descanso e à meditação;

– Le Manoir d’Artaban: a mansão que data do Século XVII é hoje habitada pelo casal Patrick e Capucine Sermadiras, que nutre uma verdadeira paixão por este pedacinho do paraíso;

– Le Jardin Français: ao redor da mansão, os jardins misturam o estilo italiano e francês;

– Le Jardin Fleuriste et le Jardin Potager: flores magníficas e rosas perfumadas residem ao lado dos legumes da estação. As flores são cuidadas com carinho por Capucine, enquanto Patrick cuida da horta;

– Le Jardin des Sources et les Prés Fleuris: impossível imaginar um jardim imenso como estes sem fontes e seu delicioso barulho. Bem pertinho delas, um campo acolhe macieiras, cerejeiras e outras espécies furtíferas;

– Le Jardin Blanc: um jardim cheio de poesia convida novamente o visitante à arte da contemplação. Ele é, sem dúvida, um dos cantos mais incríveis da propriedade.

Le petit plus: O local está disponível também para festas e casamentos. Para um jantar ou almoço especial com a família, basta enviar um email para capucinesermadiras@eyrignac.com e verificar a disponibilidade. E se a ideia é se hospedar dentro deste verdadeiro paraíso, o local dispõe de dois chalés para quem quer acordar e respirar os ares dos Jardins de Eyrignac (aluguel a partir de 600 euros/semana)! Durante a alta temporada (julho/agosto), você pode desfrutar de piqueniques noturnos ao som de música e com direito à fogos de artifício, que acontecem todas as segundas-feira (mediante reserva).

Anote: Les Jardins du Manoir d’Eyrignac – Salignac, 24590 – ingressos 12,50 euros.



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Le Vieux Logis: relaxar e comer bem também faz parte da viagem

Depois de um dia de turismo intenso, o que há de melhor do que comer bem e relaxar? O Vieux Logis é um hotel quatro estrelas, classificado como Relais et Châteaux e tem tudo o que é preciso para se sentir verdadeiramente de férias. A começar pela área externa: o hotel é todo rodeado por um magnífico jardim e uma deliciosa piscina. Dentro, conforto, aconchego e silêncio garante a tranquilidade necessária para recarregar a bateria.


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Nos dias quentes, é no imenso jardim que você pode degustar, sob a sombra das árvores, as criações do estrelado chef Vincent Arnould. No prato, Vincent mistura sua alma e a de sua região, da qual sente imenso orgulho. Ingredientes locais e frescos como aspargos, vitelo e morangos, garantem um jantar inesquecível.


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Anote: Les Vieux Logis – Le Bourg – Trémolat, 24510; diárias a partir de 160 euros.

L’Essentiel: sabores do terroir do Périgord

Com uma estrela no Michelin, o L’Essentiel também é uma das ótimas opções para unir os sabores do Périgord e a criatividade de um chef estrelado. Éric Vidal, que mantém sua estrela desde 2008, consegue unir simplicidade, sabor e excelência, sempre privilegiando o terroir do Périgord.

Anote: L’Essentiel – 8, rue de la Clarté – 24000 – Périgueux; menu a partir de 43 euros.


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Créditos fotos: Lascaux II (Patrimoine Mondial de l’UNESCO) – © SEMITOUR PERIGORD. Todas as demais fotos são de autoria de Claudia Gazel.

Viagem à convite da Semitur, Le Vieux Logis e Jardins du Manoir d’Eyrignac.

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