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  • Writer's pictureClau Gazel

Haiti é convidado de honra no Grand Palais

De 19/11/2014 a 15/02/2015 dois séculos de arte do Haiti ocupam uma das salas do Grand Palais. Pinturas, esculturas, colagens, bordados, ferro, aço, madeira, caveiras, bonecas e vodus representam, através de 168 obras de 56 artistas, a diversidade da produção artística haitiana, sboretudo a partir do final do Séc. XX, momento no qual a crescente urbanização da capital serviu como mola propulsora para o desenvolvimento da arte contemporânea.

Diversos artistas contemporâneos são convidados a expor, e suas instalações plásticas, vídeos, esculturas e pinturas são testemunhas de uma nova reflexão, de um nova leitura do mundo e das tranformações ocorridas em seu país neste início de século, sejam estas de ordem social ou política, como o golpe militar de 2004, ou natural, como o terremoto de 2010 que abalou o Haiti.

A exposição não se apresenta em ordem cronológica, mas sim em 4 temas: Sem título (sans titres), Paisagens (Paysages), Espíritos (Esprits) e Chefes (chefs). Com uma amplitude bastante significativa, ela procura fugir do clichê do exotismo ligado à magia e à religião, sem no entanto, deixar de lado esta importante característica nacional que, com força, se espelha nas mais variadas formas de arte.

Na sessão “Espíritos”, a religião católica se meslca à vodu, bordados se mesclam ao cimento, bonecos até crânios humanos. Essa diversidade ligada à crença popular se traduz em liberdade criativa, e os artistas ali expostos – muitos deles ainda vivos – interpretam a alma do país de forma única, surpreendente e sem amarras.


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Pierrot Barra – sem título, 1993


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Paisagens e especialmente retratos testemunham a vida rural ou urbana no país, ora caracterizadas por sua violência, ora por sua precariedade ou até mesmo por uma certa melancolia.


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Haiti no Grand Palais_A Viagem Certa4

Grandes nomes internacionalmente reconhecidos como Basquiat e Télémaque ganham parte de destaque na exposição, com pinturas em grande formato que testemunham sua ligação com o país. Basquiat, que embora seja de origem haitiana, jamais esteve no país e, justamente por questões de identidade, integrou em seu trabalho uma simbologia própria ao país natal de seu pai. Ao contrário, Télémarque fora acusado de nunca expressar suficientemente suas origens em seu trabalho.


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Detalhe do quadro King of the Zulus – Basquiat – 1984/1985

A exemplo deste diálogo entre a obra de Basquiat e Télémaque, que dividem uma sala na exposição, outros são construídos explicitamente no Grand Palais. Porém, tantos outros podem ser desvendados pelo expectador neste complexo e interessante universo artístico. Anote: Grand Palais; Haiti – Deux siècles de création artistique; Avenue du Général Eisenhower – 75008; de 19.11.2014 a 15.02.2015 – qui/seg. 10h/2oh; qua até 22h; ingressos 12 euros; metrô Champs-Élysées Clemenceau/linhas 1 e 13.

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