A Halle Saint-Pierre é uma galeria totalmente fora do circuito tradicional de Paris, dedicada à arte bruta e à arte singular (pós-arte bruta). A história da galeria remonta a 1985, mas foi em 1995 que, com a exposição “Art brut et Compagnie, la face cachée de l’art contemporain”, representou um marco na história não apenas da galeria, mas da divulgação da arte bruta na França e no exterior.
O termo arte bruta foi criado pelo pintor Jean Dubuffet em 1945 para classificar as obras criadas por pessoas isentas de cultura artística, auto-ditadas, que criavam independentemente de uma pretensão cultural ou intelectual, de forma natural e absolutamente espontânea. Segundo definição do pintor, ela “é uma operação artística pura, bruta, totalmente reinventada em todas suas fases, nascida a partir de impulsos pessoais.” Desde a escolha dos materiais até a forma como são empregados numa tela ou numa instalação qualquer, o processo criativo é natural, repleto de espontaneidade.
Desgarrada de critérios acadêmicos ou institucionais, a arte bruta ocupou e ainda ocupa um espaço marginal no universo artístico, paradigma que, no entanto, a Halle Saint-Pierre tenta quebrar através de 30 anos de exposições temporárias que colocam em destaque obras de artistas do mundo todo.
Atualmente no local é possível conferir a exposição “Sous le vent de l’art brut 2 : La collection De Stadshof”. São 350 obras de 40 artistas, todas elas pertencentes à coleção holandesa Stadshof, normalmente exposta no Musée Dr. Guislain (Gand – Bélgica). Após 30 anos de existência, a referida coleção é uma das grandes referências mundiais no que se refere à arte bruta, com um conjunto de 7000 obras de mais de 350 artistas. Nesta amostra que está atualmente em Paris, autenticidade e autonomia se revelam num mundo por vezes colorido, por vezes sombrio, ora traçado em canetinha, ora em lápis de cor, tecido em lã ou construído latão. Um mundo onde a criatividade sem limites se revela como mola propulsora de uma produção artística única, instintiva e natural. Eis a oportunidade para entrar em contato com a “Art Brut” em Paris. Um café e uma livraria te convidam à esticar o programa cultural. Anote: Halle Saint-Pierre; 2, rue Ronsard – 75018; seg/sex. 11h/18h; sáb. 11h/19h e dom. 12h/19h; ingressos 8 euros; metrô Anvers/linha 2 ou Abbesses/linha 12.
Imagens: Collection De Stadshof, Musée Dr. Guislain, Gand

AMAZINE – sem título, 2000 – caneta e giz de cera – 17,8 x 22,2 cm

GRUNENWALDT – Vrw hoofd en arch-huis – sem data – técnica mista – 45 x 61 cm

DAMMER – Dame, sem data – giz e giz de cera – 50 x 70 cm

LAMY – Sem título – sem data – 65 x 50 cm

WENZEL – sem título, sem data – canetinha – 50 x 65 cm

MARKUS MEURER – Hörnermann – 177 x 50 x 66 cm
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