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  • Writer's pictureClau Gazel

VIAGENS DE CLAUDIA – Revista Elas e Lucros n. 12


Você acaba de retornar daquelas férias maravilhosas que tanto planejou. Corada, revigorada e de bom humor entra no elevador da empresa no dia em que retornará ao trabalho. Sua energia boa extravasa, contagia os demais (que, diga-se de passagem, estão evidentemente mal-humorados). Até que alguém, de lá do fundo grita seu nome, e diz: “Fulana, quanto tempo que eu não te via!!!”

Você, mantendo o bom humor e o sorriso no rosto diz: estava em férias. Estou voltando hoje. E lá vem: “De novo em férias? Você vive em férias! Para onde você foi?” E tão logo você revele o país ou cidade que visitou, surge uma dica imperdível, seguida de uma frase mais ou menos assim: “ai, que pena que você não visitou este lugar … se a gente tivesse se falado antes….” O elevador abre e você sai, aliviada.

No início, aquilo incomoda um pouco. Mas depois passa, você esquece. Especialmente se programou sua viagem, se curtiu a fase de escolher o que fazer, para onde ir. Até mesmo porque a sua viagem não é necessariamente a viagem do outro, e vice-versa.

O que na verdade é bem pior que isso é estar em determinado lugar que sempre sonhou, ter a oportunidade de fazer alguma coisa única e, no fim, se dar conta de que não o fez porque simplesmente vacilou. Explico.

Sonhei com a Provence desde o dia que assisti Um Bom Ano, de Riddley Scott. Programei a viagem com muitos meses de antecedência, uns sete eu acho. Guias, livros, revistas, pesquisas na internet, tudo. E a viagem foi, de fato, maravilhosa. Além de tudo aquilo que havia escolhido conhecer, o fator surpresa surge e torna a viagem ainda mais especial: a cidadezinha diferente que o dono do restaurante indicou, a feira livre que surgiu no meio do caminho, uma atração que descobri no centro de informações turísticas da cidade, uma festa típica, o prato ou o vinho desconhecido.

Ao pedir informações de como chegar ao Cânion do Rio Verdon (Gorge du Verdon), foi sugerido ter como ponto de partida a altamente recomendável e charmosa cidadezinha de Moustiers Sainte-Marie (www.moustiers.fr).

Realmente a cidade é surpreendente. Pequena, linda e bem cuidada, fica praticamente encravada nas pedras. As oliveiras por toda a parte, o barulhinho de água do rio escorrendo pelo meio da cidade, as ruas desertas e o silêncio durante a noite criam uma atmosfera única. E algo ali parece de mentira: a enorme colina, com sua longa escadaria e, no topo, a Capela de Notre-Dame-de-Beauvoir. Dizem que de lá há uma vista encantadora do cânion.

E sabe o que eu fiz? Não subi, de pura preguiça. E foi preciso tempo para perceber a besteira que eu tinha feito … tempo o suficiente para não dar mais para voltar atrás.

Algo parecido aconteceu também na Espanha, em Formentera (www.turismoformentera.com), a menor das Ilhas Baleares (as demais são Maiorca, Minorca e Ibiza). Eu era totalmente obstinada por este lugar, que conheci através do filme Lúcia e o Sexo, dirigido pelo cineasta espanhol Julio Médem. Embora eu ame o filme, há divergências acerca do bom gosto de seu roteiro; já escutei opiniões de todos os tipos. O que me parece inquestionável é a beleza natural do lugar e o quanto isso se faz presente na vida de seus moradores. As cenas em que os personagens adentram as cavernas, chamadas covas, e, de um buraco no solo, caem bem próximos ao mar, revelam a intimidade entre a ilha e seus habitantes. E essas covas estão por lá, algumas perigosas e outras, nem tanto, convidando o turista a uma pequena aventura. Preciso dizer o que eu fiz ? Ou melhor, o que eu não fiz!?!

Talvez isso tenha uma explicação: tenho ao menos uma desculpa para voltar!

Para dicas de roteiros em Formentera e na Provence, acesse o meu blog (http://aviagemcerta.com.br).



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