O Monumenta 2016 já está instalado no Grand Palais. Essa é a sétima edição do evento que tem por objetivo a exploração da dimensão extraordinária do grandioso local de exposições. O projeto acontece a cada dois anos e sempre escolhe importantes nomes do cenário artístico contemporâneo.
O convidado desta vez é o escultor chinês Huang Yong Ping, que vive na França desde 1990 e já expôs nos 4 cantos do mundo, até mesmo na Bienal de São Paulo.
Ao entrar no Grand Palais, é impossível dizer que o grandioso espaço foi mal aproveitado, crítica feita em outras ocasiões do M: a monumental obra de Yong Ping preenche o espaço outrora criado para a Exposição Universal de Paris.
Apesar disso, um certo vazio invadiu minha alma ao me deparar com a frieza da instalação. Existe algo mais frio – frieza de alma e não somente de pele – do que um porto vazio e uma caminhada entre seus containers? Se era esse o sentimento a evocar no visitante, Yong Ping me pegou em cheio.
No entanto, ao ler o cartaz explicativo da instalação, a descrição da mesma me pareceu simplista ao reduzi-la a uma paisagem simbólica do mundo econômico atual e tudo o que dele decorre, sem julgamento de valor: transformação ambiental, o poder político e econômico que sobrepõe a natureza e o ser humano, a riqueza e a conquista comercial como objetivo final.
Não é pouco, mas descobri que a obra diz também sobre a experiência do artista. Ao retornar ao seu país natal, Yong Ping sofrera na pele o choque encontrando uma China totalmente transformada – cultural e visualmente – pela abertura do mercado.
E, ao ver a grande serpente entrelaçada nos containers com sua imensa boca aberta pronta para engolir o que vir pela frente, não consigo aceitar o argumento de que a instalação é desprovida de julgamento. Vejo a natureza tentando se sobrepor à esse verdadeiro império. Mas seria este o desejo de Yong Ping? Ou o meu desejo? Ou o seu desejo? Se é para refletir, a exposição já vale a visita.
Anote: até o dia 18.06; dom. seg e qua – 10h/19h; qui,sex e sáb. 10h/22h; ingresso 10,5 euros; metrô Champs-Élysées Clemenceu (linha 1).
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