Agora, além do blog, algumas das minhas dicas vão estar na coluna VIAGENS DE CLAUDIA, na revista ELAS e LUCROS. Confira primeira coluna!
Ela gosta de comer. Eu também. Ela gosta de beber. Eu também. Ela gosta de viajar. Eu também. Ela, com seus cinquenta e poucos anos, casada e sem filhos e eu, com meus trinta e poucos, casada e sem filhos: vinte anos de diferença que fazem dela uma professora, uma mestra que escolhi seguir. Quando crescer, quero ser igual a ela!
Coincidência, destino ou sei lá o quê. Cada um chame como quiser. Para mim, o que menos importa é o nome. Há uma verdade incontestável: algumas pessoas têm um papel, uma tarefa a cumprir na vida de outras. A Soninha apareceu na minha vida e ajudou a despertar algo em mim.
Há seis anos quando a conheci, minha visão de mundo, minha filosofia certamente eram outras, bem distintas do que eu tenho hoje como ideal de vida.
Com ela eu aprendi que a vida pode sim ser encarada como a busca do prazer, sem culpa.
Dentro de um espaço bem restrito (nossas singelas baias de advogadas não têm mais de cinco metros quadrados!), nossos sonhos e nossas trocas de confidências não têm limites.
Num dia, eu lhe dou a receita do gaspacho que, cuidadosamente preparado pelo marido dedicado, ela tomará por cinco dias depois de operar a boca.
No outro, ela me explica como chegar as Termas de Puyuhuapi no Chile: de Santiago, três horas de vôo e mais sete de van, com direito a tomar uísque com gelos das geleiras da Patagônia. (e eu fui!)
Depois, ela me conta do calor insuportável que passou no Egito, coisa que eu, provavelmente, não aguentaria!
Daí eu a levo para comer a melhor esfiha de São Paulo (no restaurante Tenda do Nilo).
Ela me conta de sua viagem à França, fala do Monte Saint Michel e da cidade em que Joana d’Arc morreu queimada e, depois, me contrata para fazer um scrapbook da viagem.
Eu, enlouquecida, encontro na internet a sentença de execução de Joana d’Arc (coisa de advogado), estudo a vida de Monet e termino o álbum com a maior satisfação, apaixonada pela França.
Ela me indica filmes para que eu leve a uma pousada, para passar o feriado do Carnaval. Quando volto, tudo o que quero é que ela conheça a pousada (Quinta dos Pinhais, em Santo Antonio do Pinhal). Ela me fala de seu receio de ir ao Leste Europeu. Eu tento convencê-la a ir, falando sobre o Parlamento de Berlim e relatando as delícias que comi em Praga (goulash, cerejas secas, comida típica afegã, etc).
Ela me conta de sua primeira viagem à Europa, em 1988, e me mostra fotos. Eu lhe falo do meu ¨plano¨ de ir no mínimo dez vezes a Paris antes de morrer, comer magret de canard (peito de pato) e ver a torre Eiffel.
Ela me fala do barreado do restaurante Tordesilhas. Eu lhe provoco ao descrever o sorvete de paçoca do Fred Frank, que ela ainda não provou.
Logo, logo, ela vai se aposentar… Eu vou sentir demais!!!
Mas há algo dela em mim que não vai mais mudar: hoje, vejo a vida de outro jeito e o que eu quero é ter prazer em comer, beber e viajar, simples assim!
E, para seguir em frente, tive que me organizar. Hoje, meu orçamento pessoal prevê necessariamente gastos com restaurantes e, claro, uma boa parcela para atingir meu grande sonho: conhecer o mundo!
A partir desta edição vou contar um pouco da minha paixão por viagens e como consegui chegar a lugares que, no passado, eram apenas sonhos. Sonhos que consegui realizar inspirada no exemplo e no pique da minha amiga.
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