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  • Writer's pictureClau Gazel

Quem pode, pode.


Tem muita gente fazendo comida boa por aí. Outros, nem tanto. E quando digo isso, não penso na garfada propriamente dita. Os efeitos da comida não se limitam às papilas gustativas. Não. Tem que  ter de tudo um pouco, do aspecto material ao emocional, passando pelos cinco sentidos: tato, olfato, visão, paladar e audição. Assim eu posso medir o que é comida boa, que me agrada e satisfaz.

Sábado fui ao Mercadão de São Paulo. Lotado. Um burburinho bom. Burburinho de gente feliz. Daqueles que só não irritam porque todos estão imbuídos do mesmo objetivo que você: comer, comer e comer. E a lotação não se limitava às dependências do mercado. Tudo em volta estava tomado por um mar de gente. Uma grande procissão. Devotos da gula a serviço do prazer.

Pastel, sanduíche de mortadela, coxinha, suco, água de coco, salame, presunto, queijo, azeitona verde, azeitona preta, azeitona roxa, amendoim, amêndoa, damasco, passas, bacalhau, peixe, polvo.  Manga, morango, pitaia, atemoia, jabuticaba, melão, mamão, limão. Pé de porco, paio, lombinho, feijão, lentilha, macarrão e sei lá mais o quê. As mais variadas tonalidades. Os mais variados aromas.

Mas um cheiro se destacava e acionou meu cérebro: casa da nona, casa da mama.  E tal qual um personagem de desenho animado que flutua atrás de um cheirinho bom, cheguei lá  no box 13, da Balsâmico Rotisseria.

Uma panela gigante de molho borbulhava bem na minha frente. Acho que cabia uns 10 litros. Ao lado, duas senhoras focaccias, uma de calabresa e outra de bacalhau. Abraçando tudo isso, o pai, o criador, o rei. Não, não. Ele não estava de capa vermelha, nem usando uma coroa. Vestia um avental xadrez branco e vermelho, e cortava a focaccia, mexia o molho e servia o delicioso ravioli de queijo com zátar. E sorria, conversando com todo mundo. Até me falou para comer a focaccia com a mão. Acatei. Se não, como eu sentiria a maciez do pão? A cebola que caia eu podia por de volta, encaixar na calabresa e mandar ver! Mandei ver. Lambi os dedos. Me senti na Itália, no Mercado Sant’Ambrogio de Firenze.

E o rei, o criador desse pedaço de paraíso, é de carne e osso e chama Roberto Eid. E  descubro que ele tirou nota dez em doces e nota dez em salgados na Cordon Bleu! Falando em doces, não posso esquecer que tem a quiche de chocolate, manjar dos deuses. É levar pra casa, guardar no congelador e tirar apenas cinco minutos antes de servir. Comida boa é assim: faz quem pode. E quem pode, pode. Quem não pode….




ATUALIZANDO: Essas Focaccias do Roberto ficaram na memória, pois o Roberto não está mais à frente do Balsâmico.

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